segunda-feira, 20 de junho de 2011

Fatalismo e liberdade


Algumas pessoas sustentam que as questões humanas são completamente predeterminadas, uma maneira de pensar considerada como fatalista. Por razões semelhantes, o conceito budista de causalidade é algumas vezes criticado como fatalista. Se a vida de uma pessoa neste mundo é predestinada em conseqüência das causas passadas, e se seu futuro é determinado pelo carma limitado da vida presente, onde ela poderá encontrar a liberdade e que significado pode buscar na vida?

Um exemplo típico de fatalismo pode ser encontrado em alguns ensinos pré-Sutra de Lótus. Esses ensinos afirmam que a única salvação encontra-se na vida após a morte. Por exemplo, diziam que se uma pessoa acreditasse e confiasse na graça de um Buda tal como Amida, conseguiria se libertar dos grilhões deste mundo e renasceria na Terra Pura da Perfeita Alegria. Mas não existe sustentação racional para tal crença. A liberdade não se encontra com a fuga da causalidade, mas sim transformando-a para nossa própria vantagem.

Ninguém pode escapar da lei da causalidade, mas os seres humanos podem aprender como ela funciona e utilizarem-na. Em toda a história, os indivíduos descobriram e colocaram em prática várias leis da natureza, tais como a lei da gravidade e a teoria da relatividade. A gravidade pode ser considerada como uma força que mantém as pessoas presas à terra, mas pode ser também vista como uma força que torna possível a liberdade de se locomover sobre a terra, no mar e no ar.

Sakyamuni declara: “Se deseja compreender as causas que existiram no passado, observe os resultados que elas manifestam no presente. E se quiser saber que resultados serão manifestados no futuro, observe as causas presentes.” Existe, então, a absoluta possibilidade de transformar o futuro com os esforços presentes. Mas o que pode ser feito a respeito das causas já formadas no passado? A personalidade, o caráter e o destino são todos conseqüências do que a pessoa era e do que fez no passado. No Sutra de Lótus, Sakyamuni direcionou as pessoas para uma fonte de força que podia romper as correntes das forças cármicas, mas ele não a identificou especificamente. Foi Nitiren Daishonin que explicou a entidade da vida, em oposição ao fenômeno da vida, e como ela permanece livre das influências cármicas por toda a eternidade. Essa entidade ou Lei da vida, que ele chamou Nam-myoho-rengue-kyo, é a causa que capacita a superar toda a inércia cármica e permite que novos efeitos surjam da vida de cada ser humano. A luta para vencer a inércia cármica das más causas criadas desde épocas passadas é naturalmente muito difícil e requer um esforço vitalício. Porém, o fato de essa luta certamente resultar em vitória dissipa os sentimentos de fatalismo e faz surgir a esperança em um futuro brilhante.

A palavra rengue (literalmente, flor de lótus), de Nam-myoho-rengue-kyo, simboliza o princípio de que a causa e o efeito existem simultaneamente em um único momento da vida. Conseqüentemente, isso significa que a determinação de uma pessoa no presente determinará o futuro, ou o efeito pelo qual ela está se empenhando. A determinação de uma pessoa é forte o bastante para mudar seu destino? O poder da determinação opera nos níveis conscientes da psique humana ao passo que o carma existe nos níveis inconscientes, ou ainda mais profundamente. Evidentemente, a humanidade necessita de alguma força que possa alterar o ritmo da própria vida, e essa força é e sempre foi o Nam-myoho-rengue-kyo. Cientes dessa poderosa chave para essa inesgotável e inerente força vital dos seres humanos, as pessoas ficam confiantes de que podem fazer causas para libertarem-se completamente de seu carma negativo. Com essa chave, tudo o que resta é extrair a energia vital do Nam-myoho-rengue-kyo das profundezas de sua própria vida. Isso é possível com uma firme e sincera recitação de Daimoku ao Gohonzon, a incorporação do Nam-myoho-rengue-kyo.

Texto extraído do livro "Fundamentos do Budismo", Editora Brasil Seikyo, © 2004. Direitos reservados. É proibida a reprodução de texto e imagens contidos nesta publicação

Fonte: www.bsgi.org.br/filosofia_fatalismo.htm

domingo, 29 de maio de 2011

A luta começa agora. . .

Rumo aos 1300 chakubukus na cidade de Santa Branca até 2030 . . .

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

O Budismo de Nitiren Daishonin

O Budismo de Nitiren Daishonin fundamenta-se na afirmação de que todas as pessoas têm o potencial de atingir a iluminação. Esta idéia é a epítome do Budismo Mahayana, uma das duas principais divisões do Budismo. Surgiu na Índia após a morte de Sakyamuni, através de um movimento de popularização dos ensinos do Buda. Seus discípulos não se isolaram da sociedade como alguns grupos budistas anteriores. Ao invés disso, lutaram para a propagação em meio ao povo e para auxiliar as outras pessoas no caminho da iluminação. Portanto, Mahayana é caracterizado pelo espírito de benevolência e altruísmo.


O Budismo Mahayana foi introduzido na China, onde deu origem a várias seitas. Uma das mais importantes foi fundada por Tientai (538- 597), conhecida como seita Tendai. Esta ensina que o Sutra de Lótus é o mais alto de todos os sutras Mahayana e que todas as coisas, tanto animadas como inanimadas, possuem um potencial dormente para a iluminação. Esta doutrina resultou na teoria conhecida como "Itinen Sanzen". As doutrinas da seita Tendai foram mais tarde desenvolvidas e sistematizadas por Miao-lo (711-782), o nono chefe religioso da seita.


O Budismo de Tientai foi introduzido no Japão no Século IX por Dengyo Daishi que havia estudado sua doutrinas na China. Mais tarde, no século XIII, Nitiren Daishonin estudou no Monte Hiei. o centro da seita Tendai no Japão, e veio a entender que o Sutra de Lótus constitui a essência de todo o Budismo. Logo depois, começou a pregar o conteúdo do que havia descoberto.


De acordo com seu ensinamento, as funções de todo o universo estão sujeitas a um único princípio ou lei. Através da compreensão desta lei, a pessoa é capaz de libertar o potencial oculto de sua própria vida e atingir a harmonia perfeita com o seu ambiente.


Nitiren Daishonin definiu a lei universal como Nam-myoho-rengue-kyo, uma fórmula que representa o fundamento do Sutra de Lótus e é conhecida como Daimoku. Além disso, ele deu concreção à lei, inscrevendo-a num pergaminho - Gohonzon - para que as pessoas pudessem colocar a essência da sabedoria budista em prática e desta forma atingir a iluminação. No tratado intitulado "O Verdadeiro Objeto de Adoração", ele concluiu que crendo e orando Nam-myoho-rengue-kyo ao Gohonzon, que é a cristalização da lei universal, revelar-se-á a natureza de Buda inerente em todos os indivíduos.


Todos os fenômenos estão sob a infalível lei de causa e efeito. Conseqüentemente, o estado de vida de um ser - seu destino, em outras palavras é a consequência de todas as causas prévias. Através da oração do Nam-myoho-rengue-kyo, a pessoa está criando a causa suprema, que pode compensar os efeitos negativos do passado.


A iluminação não é mística nem transcendental como muitos supõem. Antes, é uma condição de máxima sabedoria, vitalidade e boa sorte, na qual o indivíduo pode moldar o seu próprio destino, encontrando plenitude nas atividades diárias e entendendo a missão de sua vida.


Texto retirados do livro "As escrituras de Nitiren Daishonin"
págs. 37 e 38 - Editora Brasil Seikyo


Fonte: http://www.maisbelashistoriasbudistas.com/filosofiabudista.htm

Compaixão . . .


A pequena compaixão é dar a alguém um peixe por dia.
A média compaixão é ensinar alguém a pescar, e insistir que ele pesque para si próprio.
A grande compaixão é dar a alguém um meio para que ele revele a sua iluminação (sabedoria). Então ele irá aprender a pescar por si próprio e adquirir sozinho a disciplina necessária para que ele pesque a sua refeição.


Vida de Elefante



Você já observou elefante no circo? Durante o espetáculo, o enorme animal faz demonstrações de força descomunais. Mas, antes de entrar em cena, permanece preso, quieto, contido somente por uma corrente que aprisiona uma de suas patas a uma pequena estaca cravada no solo. A estaca é só um pequeno pedaço de madeira.


E, ainda que a corrente fosse grossa, parece óbvio que ele, capaz de derrubar uma árvore com sua própria força, poderia, com facilidade, arrancá-la do solo e fugir.


Que mistério! Por que o elefante não foge?


Há alguns anos descobri que, por sorte minha, alguém havia sido bastante sábio para encontrar a resposta: o elefante do circo não escapa porque foi preso à estaca ainda muito pequeno. Fechei os olhos e imaginei o pequeno recém-nascido preso: naquele momento, o elefantinho puxou, forçou, tentando se soltar. E, apesar de todo o esforço, não pôde sair. A estaca era muito pesada para ele. E o elefantinho tentava, tentava e nada. Até que um dia, cansado, aceitou o seu destino: ficar amarrado na estaca, balançando o corpo de lá para cá, eternamente, esperando a hora de entrar no espetáculo.


Então, aquele elefante enorme não se solta porque acredita que não pode.
Para que ele consiga quebrar os grilhões é necessário que ocorra algo fora do comum, como um incêndio por exemplo. O medo do fogo faria com que o elefante em desespero quebrasse a corrente e fugisse.


Isso muitas vezes acontece conosco! Vivemos acreditando em um montão de coisas ? que não podemos ter? que não podemos ser? que não vamos conseguir..., simplesmente porque, quando éramos crianças e inexperientes, algo não deu certo ou ouvimos tantos nãos que a corrente da estaca ficou gravada na nossa memória com tanta força que perdemos a criatividade e aceitamos o "sempre foi assim..."


Poderia dizer que o fogo para nós seria: a perda de um emprego, ou algum outro problema ou algo que nos fizesse sair da zona de conforto.


A única maneira de tentar de novo é não ter medo de enfrentar as barreiras, colocar muita coragem no coração e não ter receio de arrebentar as correntes! Não espere que o seu "circo" pegue fogo para começar a se movimentar. Vá em frente!

Fonte: http://estadodebuda.blogspot.com/2009/05/vida-de-elefante.html

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Silvia Etsuko Saito - mãe do Kossen-rufu da América do Sul


Mãe do Kossen-rufu da América do Sul

Edição 1844 - Publicado em 20/Maio/2006 - Página A5

Meus inesquecíveis amigos de fé


O BS publica nesta edição um dos artigos da série “Meus Inesquecíveis Amigos da Fé”, de autoria do presidente da SGI, Daisaku Ikeda. Esta versão foi preparada especialmente para esta edição, já que a série não se encontra disponível para o português.
Em todo o mundo,
Não há nada que se compare 
Às mães.


Este ano, a Divisão Feminina está completando seu 55o aniversário e estou contente pelo fato de o Dia das Mães da Soka Gakkai (3 de maio) ter se tornado um evento anual comemorado pelos membros do mundo todo. Nós entramos numa era em que as mulheres Soka estão sendo cada vez mais consideradas e reconhecidas como tesouros da humanidade e observadas como uma brilhante esperança para este século.


A poetisa brasileira Cora Coralina (1889–1985) escreveu:


Semeia com otimismo
Semeia com idealismo
As sementes vivas da Paz 

e da Justiça.

Os rostos nobres das mulheres que incansavelmente plantaram as sementes para a ampla propagação da Lei Mística estão gravadas de forma profunda e indelével em minha mente. Uma dessas pessoas admiráveis é Silvia Etsuko Saito, a “mãe do Kossen-rufu de América do Sul”.
Silvia sofria de asma desde criança e haviam lhe dito que ela não viveria até os vinte anos. Mas, após entrar para a Soka Gakkai aos dezenove anos, ela prolongou a vida por meio da fé e plantou incontáveis sementes de felicidade e vitória por toda a vasta terra do Brasil.
O Brasil é um campeão do Kossen-rufu mundial. Foram mulheres como Silvia Saito que, dedicando a vida à propagação dos ensinos de Daishonin, construíram a sólida base de nosso movimento na sociedade brasileira.

O sentimento de que ela venceria


Recordo-me de que, em dezembro de 1964, uma jovem elegantemente vestida visitou nossa pequena casa em Kobayashi-cho, no bairro de Ota. Era Silvia, e eu e minha esposa a recebemos em nosso lar. Alguns dias antes eu havia me encontrado com seu marido, Roberto Yasuhiro Saito, um gabaritado empresário que havia aceitado trabalhar em uma empresa no Brasil, deixando a esposa e os filhos no Japão. O Sr. Saito havia então decidido deixar o emprego e se estabelecer permanentemente no Brasil para que pudesse se dedicar ainda mais plenamente como líder da Sede da Soka Gakkai na América do Sul.

Não há dúvidas de que Silvia também havia feito a profunda decisão de acompanhar o marido ao Brasil e enfrentar os desafios que os aguardavam. Eu sentia de alguma forma que ela venceria. Acima de tudo, ela havia sido membro da orgulhosa Divisão Feminina de Kansai. Morando em Quioto, quando jovem ela havia participado alegremente junto comigo na Campanha de Osaka (em 1956). 

Quando fui preso no ano seguinte por causa do que ficou conhecido como o Incidente de Osaka, ela foi junto com outros membros à Delegacia de Polícia de Higashi, ao Escritório do Promotor do Distrito de Osaka e à Casa de Detenção de Osaka, preocupada com meu bem-estar.

Posteriormente, ela conquistou extraordinárias realizações na propagação do Budismo de Daishonin tanto em Kansai como em Tóquio, e ao comemorar seu décimo aniversário de conversão, ela havia apresentado mais de cinqüenta famílias à prática da fé.
No dia em que ela veio nos visitar em nossa casa, perguntei-lhe: “Você realmente acha que conseguirá dar esse passo?”

“Sim”, respondeu ela, “estou pronta! Responderei às suas expectativas realizando o Kossen-rufu do Brasil!” Fiquei muito feliz em ver sua bela expressão, radiante de determinação, e em ouvir sua voz clara e vibrante.

“Eu a apoiarei cem por cento”, disse, “e prometo visitar o Brasil dentro de um ano”.
Silvia estava com 28 anos, e enquanto viveu ela nunca se esqueceu do juramento feito naquele dia. Aceitando a função de coordenadora da Divisão Feminina da Sede da América do Sul, ela partiu para seu novo lar no mês seguinte, em janeiro de 1965. “Você pode transformar seu carma”

Um dia depois de ter chegado a São Paulo após a longa viagem do Japão ao Brasil, ela começou a agir.

Naquele período inicial, ela viajava no caminhão de um membro para visitar as famílias, a aproximadamente cinqüenta ou mesmo cem quilômetros de distância. Algumas vezes, as chuvas torrenciais tornavam as estradas intransitáveis e ela ficava com a água na altura dos joelhos enquanto caminhava com a filha de quatro anos nas costas e o filho de dois anos nos braços. Além do mais, estava grávida da terceira filha, na época.

Havia aproximadamente 2.500 famílias no Brasil naquele período, e todos estavam ardendo de esperança e se empenhando com coragem na vida diária e nas atividades da Soka Gakkai. A maioria era de imigrantes japoneses, e eles estavam muito longe de ter uma vida confortável. Parecia agora que uma jovem maravilhosa havia descido dos céus para incentivá-los e encorajá-los com uma voz vibrante de radiante convicção e inspiração.

Silvia diria: “Esperava-se que eu morresse de asma, mas então comecei a praticar o Budismo de Daishonin, conheci o presidente Ikeda e encontrei a esperança e assim viverei. 

Este budismo nos capacita a transformar nosso carma sem falta. Vamos avançar conforme Sensei ensina!” Ela foi uma apaixonada Joana D’Arc com um filho nos braços.

Um ano depois, o número de membros brasileiros havia triplicado para mais de oito mil famílias. Algumas pessoas recordam aquela época e dizem que o número real deve ter sido de mais de dez mil famílias.

Não importando a dificuldade da situação,
Nunca lamente —
A vitória pertence à mãe sorridente.

Em março de 1966, cumpri minha promessa e viajei ao Brasil. Era minha primeira visita após seis anos. Fiz minha primeira viagem ao país em 1960, ano em que me tornei terceiro presidente da Soka Gakkai. No ano de 1966, o repressivo regime militar do Brasil manteve-me sob constante vigilância. 

Houve ocasiões em que policiais armados realmente cercaram nossos locais de reunião. Preocupados com o repentino crescimento de nossa organização no Brasil, certos segmentos da sociedade brasileira divulgaram boatos totalmente infundados de que a Soka Gakkai era uma organização comunista ou violenta. 

O extraordinário crescimento do Kossen-rufu no Brasil desencadeou a perseguição caracterizada pelo “ódio e pela inveja ainda maiores que durante a existência do Buda” preditos no Sutra de Lótus. Conforme Nitiren Daishonin escreveu: “Se propagá-lo [o Nam-myoho-rengue-kyo], os demônios surgirão sem falta. Se não aparecerem, não haveria como saber que este é o ensino correto”. (The Writings of Nichiren Daishonin [WND], pág. 501.)
“Sinto muito”, desculpou-se Silvia.

“Não se preocupe comigo”, respondi. “Se levasse um tiro na estrada para o Kossen-rufu, não teria nenhum arrependimento.”

Embora ela tenha chorado de ira e frustração por causa da atitude das autoridades, ao ouvir minhas palavras ela levantou o rosto solenemente e disse: “Sensei, não serei derrotada. Transformarei o Brasil no melhor país do mundo e irei recebê-lo novamente junto com a Sra. Ikeda!”

Em março de 1974, após ter concluído a visita a Los Angeles, eu iria viajar para o Brasil, mas meu visto não saiu e eu fui forçado a cancelar a viagem. Liguei para o Sr. e a Sra. Saito: “Não devem deixar que os membros os vejam chorando. Sejam positivos e incentivem a todos. Conto com vocês”.

Reorganizei rapidamente meu itinerário e voltei para Nova Orleans, onde adiantei os planos para a realização de intercâmbios educacionais e conversei com muitos jovens brilhantes. Sinto-me profundamente honrado pelo fato de, em comemoração daquela visita ocorrida há três décadas, a cidade ter nomeado um parque com meu nome e o de minha esposa — o Bosque da Amizade Kaneko e Daisaku Ikeda (em março de 2004).

Vencendo a terrível destruição ocasionada pelo furacão Katrina em agosto do ano passado, nossos membros estão realizando magníficos esforços para apoiar e contribuir para a comunidade e seus esforços de reconstrução.

A propagação do Kossen-rufu mundial nunca chegará a um impasse. O significado de cada passo dado com seriedade aprofunda-se ainda mais com o passar do tempo.
Foi durante esse período mais difícil que Silvia decidiu tornar-se brasileira e ela e o marido obtiveram a cidadania brasileira.

Eles recitavam Daimoku continuamente, como se estivessem plantando a semente da Lei Mística no solo do Brasil. Convictos de que não há estratégia maior do que a do Sutra de Lótus, eles oraram e oraram. Estavam determinados a fazer com que a sociedade brasileira compreendesse e reconhecesse a Soka Gakkai de forma correta e, para isso, prometeram se empenhar com toda a coragem na prática da fé com base no espírito da unicidade de mestre e discípulo.


Com essa determinação, Silvia viajou pela vasta terra do Brasil — um país aproximadamente 23 vezes maior que o Japão. Ela chegou até mesmo a percorrer três mil quilômetros na região amazônica. E também cruzou fronteiras, visitando o Peru, a Bolívia, o Paraguai, o Uruguai e a Argentina.


Havia um membro da Divisão Feminina que lutava contra a pobreza e cujos filhos haviam ficado doentes, um após outro, oscilando entre a vida e a morte. 



Quando ela lamentou sua situação difícil, dizendo que “não há ninguém mais miserável que eu”, o incentivo que Silvia lhe deu foi estimulante: “Esta é sua oportunidade de transformar o veneno em remédio! Vamos seguir Sensei e fazer um grande juramento! Você precisa orar, se empenhar e trabalhar em prol do Kossen-rufu com o objetivo de que todos os membros brasileiros atingirão uma felicidade maior que a sua! A fé é a chave para a vitória na vida!”

Essa mulher, que se inspirou com o incentivo de Silvia a desafiar sua situação e a vencer seu sofrimento, é a atual coordenadora da Divisão Feminina da BSGI, Jeni Ikeda.
A terceira visita dezoito anos depois
Levei dezoito anos após minha segunda viagem para finalmente conseguir concretizar a tão desejada terceira visita ao Brasil. Cheguei no dia 19 de fevereiro de 1984. Como poderia me esquecer do sorriso e das lágrimas de alegria no rosto de Silvia quando ela me recebeu naquela ocasião, fruto de seus esforços indescritíveis? Os olhos de minha esposa também estavam cheios de lágrimas.

O grito de vitória dos brasileiros — “É pique, é pique, é pique, pique, pique!” — ressoava com toda força no grandioso festival cultural da BSGI do qual participei naquela visita. Também fui recebido com brados de alegria dos membros da Divisão dos Jovens quando fui ao ensaio.


Nos preparativos para aquele dia, os membros da Divisão do Futuro e da Divisão dos Jovens da BSGI haviam estudado a passagem dos escritos de Daishonin: “O tolo se esquece nas horas cruciais o que prometera nas horas normais”. (WND, pág. 283.) Foi a passagem que ofereci a Silvia durante a Campanha de Osaka, logo depois de tê-la conhecido na antiga Sede de Kansai. 



“Nunca se esqueça da mensagem dessa passagem enquanto viver”, pedi-lhe. E, então, ela a havia transmitido fielmente a essas jovens sucessoras no Brasil.

Um perspicaz sociólogo da religião observou que uma razão para a sólida base estabelecida pela Soka Gakkai no Brasil foi a bem-sucedida introdução da noção de mestre e discípulo na sociedade brasileira, um conceito que não fazia parte dela. Esse estudioso também comentou: “Isso se deve em grande parte à liderança e à orientação da líder geral da Divisão Feminina da BSGI, Silvia Saito, que aprendeu a essência da fé com o presidente Ikeda”.2
Ardendo com uma ira justa
Quando o clero sob a liderança de Nikken, num ato de grosseira ingratidão e traição, começou a atacar a Soka Gakkai, Silvia Saito foi uma das primeiras a falar, denunciando-o como “a tentativa do Demônio do Sexto Céu de sugar o sangue vital dos membros e de devorar seus sinceros oferecimentos.”

Quando o clero tentou tomar posse ilegal do Templo Itijoji (em São Paulo), que os membros da BSGI haviam construído com suas próprias contribuições, Silvia se uniu à então coordenadora da Divisão Feminina da BSGI, Helena Mieko Taguchi, e lançou uma onda ainda mais poderosa de oração para que a verdade fosse totalmente revelada e o mal, derrotado. Todos os membros da BSGI responderam e uma enorme onda de Daimoku varreu o Brasil.


A BSGI levou a causa aos tribunais. De fato, eles venceram todas as batalhas legais, sendo que os juízes julgaram a seu favor num total de onze vezes; eles derrotaram totalmente o clero desonesto e corrupto. Os nobres membros da BSGI ardiam com a justa ira contra a traiçoeira intriga do clero. Foi aquele espírito de luta, elevando-se como uma nova onda de paz e cultura, que tornou a BSGI a principal organização budista do mundo.


Machado de Assis (1839–1908), primeiro presidente da Academia Brasileira de Letras, declarou certa ocasião: “A arte de viver consiste de criar o grande bem até mesmo nas piores circunstâncias”.
Em abril de 1993, recebi a repentina notícia de que Silvia estava gravemente enferma. Em minha quarta visita ao Brasil apenas um ou dois meses antes (em fevereiro e também em março), ela havia recebido a mim e minha esposa junto com seus companheiros da BSGI. 


Durante todo o tempo, ela havia dado grande apoio e assistência para nós nos bastidores, junto com o marido e os três filhos, que haviam herdado sua dedicação ao Kossen-rufu.

Eu e minha esposa oramos intensamente por ela e lhe enviamos uma mensagem para sua recuperação. Quando seu marido Roberto lhe transmitiu a mensagem, belas lágrimas caíram de seus olhos, embora ela estivesse em coma. Na noite de 28 de abril, data em que Nitiren Daishonin anunciou seu ensino ao mundo, essa nobre pioneira do Kossen-rufu do Brasil partiu deste mundo de forma serena e solene. Ela estava com 57 anos. Havia prolongado sua vida em quase quarenta anos antes de partir para sua próxima jornada.


Mais de cinco mil pessoas foram ao enterro, entre elas importantes líderes da sociedade brasileira. Mesmo após o enterro, membros que ela havia ajudado e incentivado continuaram a chegar da região amazônica e de países vizinhos para prestar-lhe sua última homenagem. Prestei um tributo à gloriosa vida de Silvia com um poema:
O nome
Desta nobre mãe
Do Kossen-rufu da América do Sul
Brilha com todo fulgor e
Será honrado pela eternidade.
O nome de Silvia Saito também está gravado no Monumento aos Pioneiros do Kossen-rufu Mundial no Cemitério Memorial da Paz de Tyugoku, em Hiroshima. E a cerejeira que eu e minha esposa plantamos em homenagem a ela no Jardim Makiguti, adjacente ao Auditório Memorial Makiguti de Tóquio, está forte e alta, desabrochando novamente de forma esplêndida nesta primavera.
Silvia e suas companheiras impregnaram a vasta terra do Brasil com seu Daimoku — milhões e bilhões de Daimoku. O slogan de Silvia sempre foi “Muito mais Daimoku!”. Atualmente, o belo e nobre espírito dessa grandiosa praticante do budismo, Silvia Saito, está sendo mantido pelos membros da Divisão Feminina da BSGI.

Nitiren Daishonin escreveu: “Os benefícios do Sutra de Lótus, que tenho recitado ao longo de tantos anos, devem ser muito mais vastos do que o céu”. (WND, pág. 1.070.)
A união das mães é uma verdadeira força pela justiça. Pois a solidariedade das mães ao redor do mundo é a base que capacita cada pessoa a se tornar uma eterna vitoriosa, é a chave para a eterna paz mundial.


Nenhuma oração ao Gohonzon fica sem ser respondida — e sem dúvida que as orações das grandiosas pioneiras da paz, nossas mães Soka, transformarão o carma da raça humana e até mesmo o destino da própria Mãe Terra.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

[35] Walt Whitman

Terceira Civilização - Edição 452 - 01/04/2006 - 
Pág.62 - Mundo da Leitura


Poeta da “Renascença Americana”




Walt Whitman (1819–1892), poeta, jornalista e humanista norte-americano, consagrado mundialmente por escrever poemas que elevaram a natureza humana. Whitman fez de sua poesia um hino à vida. Desafiando os padrões formais e simbólicos de sua época, no século XIX, publicou versos que causaram polêmica, sendo um dos precursores da literatura moderna. A própria forma como assinava suas obras, abreviando seu nome “Walter”, utilizando “Walt”, já era uma ruptura da tradição de seus poetas contemporâneos.

Além de abordar temas controversos, como a homossexualidade, Whitman escrevia em versos livres, buscando expressar a idéia de totalidade, sem preocupações com a métrica ou a rima. Sua forma literária influenciou não apenas escritores norte-americanos, mas todo o lirismo moderno. E, ainda, mostrando-se profundamente identificado com os ideais democráticos da nação americana, Whitman escreveu sobre o futuro da América, sendo conhecido como poeta da “Renascença Americana”.

Whitman é considerado um dos mais influentes escritores da América, e está entre os cinco mais importantes poetas dos Estados Unidos, juntamente com Emily Dickinson, Wallace Stevens, Hart Crane e Robert Frost. Tornou-se mais conhecido a partir das citações de seus poemas no filme Sociedade dos Poetas Mortos.

O escritor nasceu em Long Island, a sudeste de Nova York, nos Estados Unidos, como o segundo filho de uma família de nove irmãos. Aos 11 anos de idade, teve de abandonar os estudos para ajudar no sustento da família. Então, aprendeu a profissão de tipógrafo e se apaixonou pela escrita. Aos 17 anos tornou-se professor, e implantou inovações em sala de aula, ensinando aritmética e ortografia a partir da criação de jogos. Em 1841, passou a se dedicar exclusivamente ao jornalismo, trabalhando como editor em vários jornais, destacando-se por sua posição antiescravagista.

Walt Whitman é especialmente reconhecido por sua obra Folhas de Relva, editada oito vezes ainda quando o poeta era vivo, e mais uma vez após seu falecimento. A primeira edição foi lançada em 1855 e custeada pelo próprio escritor.  A cada edição foram acrescentadas novas poesias e realizadas melhorias editoriais. A obra, inicialmente, provocou críticas, mas hoje é relembrada como uma ode livre à humanidade e uma poderosa expressão do espírito democrático.